quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Uma das antigas






Relendo alguns escritos arquivados no meu computador, me deparei com essa "metida crítica literária" que ousei escrever meses atrás. Então, resolvi publicar aqui para não deixar o blog tão abandonado. Deve ter algo de bom ou, pelo menos, de ruim que possa provocar alguma reação melhor do que a resultante do abandono...rsrs.

Me entusiasmei com o Best Seller Americano "A Cabana" de William P. Young, escritor com formação acadêmica em Religião cujos pais eram missionários. Resolvi comprar e descobrir o que tem de tão especial. Cris, ouvi certa vez, por que você lê essas porcarias fúteis estilo "super produção hollywoodiana"?

Resposta: Estou certa de que para matar minha curiosidade precisarei, no mínimo, CONHECER, antes de tornar qualquer coisa alvo de elogio ou crítica.
Deixo aqui minha alfinetadinha construtiva: São as concepções ou a falta orientada delas que determinam o quanto podemos obter de estímulo, conhecimento sobre qualquer assunto independentemente de status, complexidade ou seja lá qual for o preconceito que determina os requisitos seletivos do que devemos ou não ler/assistir. Alguns lêem uma notícia no Diário Gaúcho e a partir dela fazem relações extremamente ricas com os temas filosóficos universais e sociais, outros no entanto, podem ler Aristóteles e considerar o conteúdo pobre e óbvio. ** essa última criatura bebeu umas e outras ou é semideus dotado de um entendimento ultra-raro que se mantém no anonimato...rsrs.

Bom, peço licença para deixar aqui algumas considerações, sem interesse em conflitos de "crenças" a respeito de "temas infinitamente particulares": religião, deus, jesus, espírito santo e a santíssima trindade. Sim, porque esse é o foco principal do livro: a relação do homem com a representação desses "substantivos divinos" fundamentais nos momentos de grande dificuldade com os quais nos deparamos tantas vezes na vida.
Minhas crenças são típicas de uma pessoa agnóstica/espiritualista/pragmática e confesso que o meu temor inicial quanto à obra confirmou-se lá pela página 65. Até então, estava maravilhada e envolvida com o suspense que se desenrolava num contexto familiar em que a filha mais nova de Mack Allen é raptada e evidências de que ela foi brutalmene assassinada são encontradas numa cabana abandonada. O desespero e a revolta tomam conta dos pensamentos e do dia-a-dia do pai da menina e a partir daí ele começa a "submeter" deus a um interrogatório acusador.
Não consideraria como um livro de auto-ajuda, porém, se encaixa nas fórmulas que fazem sucesso atualmente: um misto de suspense (nesse caso policial girando em torno das investigações sobre o desaparecimento da menina) com os sentimentos conflitantes provocados pelas dúvidas existenciais que mais enchem as igrejas de desesperados que buscam compreender e superar a morte e o sofrimento.

Não pretendo estragar a obra com meu ceticismo, mas o fato de o protagonista ter recebido um bilhete de Deus, assinado à caneta(hehe), rendeu a desconfiança: "R$29,90 colocados fora?!"

brincadeira...

Agora os acréscimos...os investimentos...
Destaque para algumas passagens inteligentes:

"Quem quer adorar um Deus que pode ser totalmente compreendido? Não há muito mistério nisso".
Aqui tenho a impressão de que conformar-se com nossa incapacidade de dimensionar um Deus criador, considerando que existe um encanto nos mistérios que fazem parte dessa busca que parece infinita, seria um conselho útil e acalentador.
Outra:
"Se realmente tivessem aprendido a considerar que as preocupações dos outros têm tanto valor quanto as suas, não haveria necessidade de hierarquia. Vocês humanos estão tão perdidos e estragados que não conseguem compreender um relacionamento sem hierarquia. Por isso acham que Deus se relaciona dentro de uma hierarquia". Interessante!

"Não é o trabalho, e sim o propósito que o torna especial". Acrescentaria: porém, sem o trabalho o propósito vira utopia.

"Direitos são o que os sobreviventes procuram para não terem de trabalhar os relacionamentos". Penso que...podem ser uma maneira política de organizar a ética baseada em valores morais de seres em evolução.

"A imaginação é uma capacidade poderosa! Mas sem sabedoria é uma professora cruel.
Onde você passa a maior parte do seu tempo, em sua imaginação: no presente, no passado ou no futuro? A imaginação do futuro é quase sempre ditada por algum tipo de medo numa tentativa desesperada de conseguir algum controle sobre algo que você não pode controlar. Muitos acreditam que é o amor que cresce, mas é o conhecimento que cresce, e o amor simplesmente se expande para contê-lo. O amor é simplesmente a pele do conhecimento".
Essa eu apenas contemplo com meu consentimento silencioso.

Ah! Um bilhete de Deus...

Vai ver eu estava com déficit de imaginação neste dia...

2 comentários:

  1. Feliz em ler uma nova postagem. Lembro que conseguiu me convencer a não alimentar mais o preconceito de livro vendável. Aumentou enormemente a minha lista de livros por ler. Beijos.
    Fabiano

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  2. Feliz em ler uma nova postagem. Lembro que conseguiu me convencer a não alimentar mais o preconceito de livro vendável. Aumentou enormemente a minha lista de livros por ler. Beijos.
    Fabiano

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