sexta-feira, 8 de agosto de 2008

O CAOS DISFARÇADO DE TORCEDOR.




Em cartaz: "Torcedores de Perto".

Não ficarei admirada se meu Blog for "estrategicamente" vetado da Internet depois dessa postagem quase anti-social.

Foi assim...

Quarta-feira, 06 de Agosto, terceiro dia de exaustiva maratona de trabalho semanal , também dia de jogo do Grêmio.

Momento mais esperado do dia: o jogo!? Opção errada!
Chegar em casa, tomar um banho quente, fazer uma bela refeição e descansar debaixo de uns cinco cobertores!? Opção correta!
Entretanto, avesso à vontade ansiosa de chegar ao precioso lar-doce-lar, o engarrafamento causado pelos torcedores que se dirigiam ao estádio empacou a minha paz, aliás não só a minha assim como a de muitos trabalhadores.

Me adianto em informar: Sou colorada, mas uma torcedora "de longe", sem grande envolvimento.

Muito mais do que uma torcedora insignificante, sou uma pessoa preocupada com o verdadeiro inferno que o trânsito de Porto Alegre tem se tornado em horários críticos e não tem sido diferente em dias de jogo.

Ressalto que não venho aqui condenar essa FEBRE Mundial que se tornou o futebol espetáculo, apenas encará-lo num significado cru, analisando sob uma ótica de dimensões bem diferentes daquelas oriundas de um torcedor dedicado.
Deixa eu tentar me redimir pelo menos um pouco: Futebol é arte sim, principalmente aquele que é jogado nos domingos com os amigos, aquele que dá motivo pra churrasco, aquele que melhora o condicionamento físico por ser atividade física habitual e ainda, aquele que as Escolas organizam para promover eventos e gincanas periódicas. Todos esses por sua vez, estimulam as trocas, a convivência, o conflito que nos faz amadurecer, as alegrias que dão saudades de pessoas e momentos queridos.
Enfartar torcendo numa final de campeonato passa longe disso.

A parte legal:

Antes e enquanto seu time faz a parte dele num dia de partida a VIDA ACONTECE na fila, na arquibancada, com o vendedor de churrasquinho, no trajeto de volta pra casa.
No entanto, se todos pudessem vestir a camiseta oficial e entrar em campo pra fazer diferente, mais do que gritar o que deveria ser feito, aí sim, o futebol teria minha mais ardente admiração.
Que eu possa ser perdoada por aqueles que tem entre as paixões o seu time do coração. Isso deve ser saudável, eu é que estou num dia radical e resolvi publicar uma quase revolta contra uma multidão que adora ver uma bola balançar a rede(rsrs).

Mas, o que o futebol representa?

IDENTIDADE.

Somos muitos em um só e um só de muitos, seja quando optamos por frequentar um tipo de balada, uma religião, um curso superior, um estilo de se vestir, um partido político ou um time para o qual torcer. Participamos, conforme as fases da vida, de grupos formadores da identidade cultural e o futebol é mais uma dessas "tribos". Como tal, um exercício que busca: alegrias, orgulho, satisfação, adrenalina, união, expectativa... É "tapa-furo" e "me dê motivo" para sorrir ou para chorar porque é de emoções que vivemos e a que viemos. Combustíveis potencializadores dos ciclos humanos necessários ao alcance da maturidade que é adquirida com a passagem do tempo que nos é dado. Ferramenta de manutenção de soldadinhos de um sistema capitalista de competições onde comprar e vender idéias e camisetas dá lucro e status.

Com ou sem bola estamos sempre entrando em palco, em cena...em campo.

Ainda precisamos que as nossas falhas, apegos e argumentações se encaixem num contexto. E o futebol também está aí pra isso. Necessitamos vestir fantasias azuis ou vermelhas para descobrir e questionar quem somos de verdade. Assumindo e confirmando nosso valor. Ensaio infinitamente menor do que o jogo da vida, onde as derrotas e as vitórias são testes de intensidade em tempos e focos diferentes.
O que não pode é reduzir seu estado de espírito ao resultado do jogo.

A partir de hoje utilizarei a seguinte tática: jogo no Olímpico: pegar ônibus que vai pela Tristeza, jogo no Beira Rio: pegar ônibus que vai pela Azenha. Isso significa me sentir menos indignada com o trânsito e, consequentemente, com a alegria dos tantos torcedores.

3 comentários:

  1. Inteligente, passivo e um tanto quanto simplificado desfecho para o "circo moderno" (relembrando a politica do pão e circo na Roma antiga) que somos democraticamente forçados e ver e sentir na pele. Boa semana! Bj

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  2. Sim querido Tony, é necessário procurar um encanto nas cores e movimentos que, apesar de atraentes, não deixam de nos posicionar em filas...rsrs. " a ordem do progresso"...pra onde não sei, mas deve nos levar a algum lugar :P. Bjo e grata pela consideração.

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  3. Não é consideração, é um prazer!! Afinal de contas, radical eu seria se contivesse meus comentários as vezes tão abundantes sobre palavras tão interessantemente bem escritas. Bj

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