quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Terceira de 7


IDEALISMO

De volta ao meu mundinho encantado e público, é com alegria que trago uma reflexão sobre a terceira virtude. Isso mesmo, não abandonei, tampouco esqueci desse compromisso tão gratificante.
Vale relembrar que as virtudes não possuem pré-requisito de referencial teórico relevante mas sim de um olhar pessoal que me inspira a considerá-las com tal.
Alguns conceitos levados à prática aguçam nossa sensibilidade, seja pelas ligações que fazemos com acontecimentos da nossa vida, seja porque de alguma forma nos sentimos curiosos a respeito.

Assim me sinto quanto ao Idealismo.

Não fugirei da concepção filosófica que caracteriza o Idealismo como corrente de pensamento que reduz toda a existência a ideais ou a considera determinada pela consciência, opondo-se frequentemente ao realismo, empirismo e ao materialismo. Há divergências de perspectivas teóricas entre os filósofos idealistas, contudo, baseia-se num postulado básico: a existência de uma realidade última, quer se chame espírito, Deus ou energia vital que transcende o mundo físico e lhe dá sua razão de ser.

Porém, vamos dimensionar como uma qualidade/característica de comportamento humano e mais do que isso - uma virtude, a terceira das sete.

No dicionário informal da Internet, idealismo é a atitude que consiste em subordinar o pensamento e a ação a um ideal.
Penso que qualquer ideal é motivado pelo sentimento maior: o amor - pela família, pela pátria, pela liberdade, por uma causa seja qual for. Não entraremos nesse mérito, apenas combinaremos de não esquecer que estamos falando de virtudes.

Essa é uma virtude difícil de passar despercebida. É o brilho do qual a humanidade se alimenta para resgatar um sentimento coletivo de esperança, de auto-estima e de sentido para a existência, transformando os sacrifícios isolados em instrumentos necessários ao bem comum, edificando-os na busca pelo supremo da perfeição.

Não é à toa que o filme Coração Valente recebeu 5 Oscars, incluindo melhor filme. Mel Gibson é o idealista William Wallace, neste épico emocionante sobre a luta pela liberdade na Escócia. Difícil não encher os olhos de lágrimas na cena em que Wallace, condenado à morte por traição, é torturado e resiste bravamente como se o amor pelo ideal lhe corresse pelas veias anestesiando as dores do sacrifício. Com a mesma fórmula em O Patriota o ator é um homem que se envolve com a Revolução Americana após ver sua família ameaçada pelo exército britânico. Ambos emocionam pela força de um homem que por um ideal influencia povos e toda uma nação.

Eu sei, é filme.

Mas observemos o que mexe com nossas emoções mesmo na ficção: do que é capaz um ser humano que vive por um ideal? De morrer por ele.
Tudo bem, pode ser que um William Wallace da vida real não derrotasse brilhantemente exércitos inteiros apenas com uma lança...mas muitos tentariam ou tentaram.

Os idealistas não estão só na ficção, a História nos conta sobre uns tantos: Aristóteles,Tiradentes, Joana D'arc e muitos outros.
Dar a vida por uma causa é para poucos. Você daria a sua?
...
Ok. Voltemos à nossa realidade menos heróica.
Como identificar um idealista entre as pessoas que conhecemos?

O idealista tem algo de etéreo, e quem o observa com um pouco mais de atenção, percebe que, embora ele se movimente no mundo cotidiano, nunca está inteiramente “aqui” - a sua cabeça está ligada em um outro plano, muito mais bonito, repleto de sonhos e conceitos de como as coisas “devem ser”, num sentido mais amplo e numa visão ideal de sociedade.Ele acredita que a vida não se resume a trabalhar, ganhar dinheiro, namorar, casar e constituir família. Ele sente que ela tem um sentido maior, e está sempre em busca de filosofias que respondam às suas grandes questões existenciais, como “porque estamos aqui” e “qual a minha missão”, e "mostrem qual é o seu lugar no universo".
São pessoas que se focam nos valores subjetivos, que tem habilidade em ver o “todo” das situações. Podem sofrer de episódios de melancolia profunda, talvez porque lhes falte a pitada de heroísmo que não interessa a repercussão ao sistema no qual está inserido. E talvez, para finalizar, ser idealista de verdade é não dar a mínima para o sistema ou quem sabe utilizar-se dele para atingir o ideal ou construí-lo sob os ideais...

Corações valentes são póstumos...

Só a morte tem o poder de coroar com sangue a valentia de um homem que preocupava-se primeiramente com a humanidade e depois consigo.
Pelo menos no que diz respeito a levar sua história ao conhecimento em massa.

Pra bagunçar tudo, sugiro começar por uma grande causa: os projetos da sua vida; para depois preocupar-se com os da humanidade e vice-versa ;-)

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