terça-feira, 24 de março de 2009

Sexta de 7


O Encantamento

Pois bem, o bom filho à casa REtorna.
Após algumas vírgulas, eis que o tratado recebe continuidade. Se alguém acompanha este blog semi-organizado em partes distantes perceberá que existe sim uma conexão discreta que torna todas as postagens registros de uma travessia atenta, apesar das travessuras que a desalinham.

Essa casa, um imóvel de sete cômodos(as sete virtudes), interligados por um corredor estreito, representa a missão com a qual me comprometi: refletir transformando em palavras, mudas e em estado de dicionário, as percepções retiradas da concentração no espaço em que interajo, sabendo ser tudo possível e nada definitivo.
Contemplar palavras é motivo de satisfação pessoal onde as sete virtudes são apresentadas uma a uma até que possam concluir o tratado como quem pensa terminar a construção do cenário para o roteiro do caos diário, componente fundamental da dimensão (a)temporal que chamamos de vida, mas que reconhece as constantes e necessárias mudanças na decoração, as reformas e retoques que deverão acontecer permanentemente, sem data fim. Contudo, aqui o limite é relato em forma de pensamentos formalizados que nascem de uma interpretação limitada e limitante.

O encanto está em acreditar que esta casa é um LAR...


Então...

Abrindo a porta do sexto cômodo, um sorriso e um suspiro. Fiquei encantada... Encantamento é a reação do ser humano, criada em função de um estímulo externo qualquer que provoca a sensação de interesse intenso, colocando aquele que estiver sobre esse efeito uma espécie de êxtase de embevecimento relacionado ao que é bom, agradável ou maravilhoso. O estímulo é externo, porém, sem a interação com a riqueza da alma não passa de fato.
Fascinação, magnetismo no modo de relacionar-se com a realidade de um mundo de empatia aleatória. Mais do que a beleza e a inteligência, falo de um encanto que não impressiona apenas pelas formas visíveis, mas pelo mérito que contagia o coração. Willian Shakespeare em “A Comédia dos Erros” disse que a mais bela jóia, sem uso, perde o encanto. Quem sabe não será porque ela não trocou o brilho inercial inicial pelas histórias que testemunharia ao se aventurar em exposição num pescoço, num dedo, num punho de uma mulher? Seria uma troca “justa”não? Encantamento não seria uma carta branca à comoção? Emoção reagente com doçura e ferocidade irradiando paz e luta?
Talvez o encanto esteja não nas paisagens, nas pessoas, nos acontecimentos, mas sim nos olhos e sentidos daquele que as vêem, presenciam, sentem. É inevitável que encontremos em algum ponto o nosso destino indesejado e temido, ponto onde a consciência nos encara nos olhos com a firmeza de um juiz que sereno e perverso nos “acorda” para o desespero do fim, do desconhecido: a morte.
Encantar-se então é ser ingênuo ao ponto de esquecer da existência dessa e de tantas outras dores por alguns mágicos momentos.
Como presenciar um pôr-do-sol de um domingo encantador sob melodia e letra em música encantadora e se não bastasse, em companhia que mais parece um sonho encantado. Um dicionário inteiro não seria capaz de traduzir...o encanto.
Quanto mais parâmetros absolutos colecionamos, menos encantamento nos permitiremos.
Posso perder tudo:as palavras, a voz e até a esperança...mas se ainda assim possuir a capacidade de me encantar, serei parte de um todo sublime imensurável onde a magnitude é se perder na emoção, simplesmente...até e justamente sem razão.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Estado de Espírito

Caminho sob a luz das estrelas...não preciso voar para alcançar tesouros. "Meu all star azul combina com o seu preto de cano alto".

domingo, 8 de março de 2009

Há momentos em que as palavras não passam de meros ruídos inúteis
ou registros de um pensamento aprisionado que solta as correntes mas esbarra no portão cadeado.
...
A fuga nada mais é do que a busca.
Onde ela está? Nos sonhos? Nas realidades? Dentro de cada um?
...felicidade: a chamam assim...
...de ser feliz quem entende?
...
Venho somente para evitar páginas em branco, espaços vazios,
deixar que habite a reflexão,
impere a dúvida, a surpresa,
o sim, o não
... mas continuo a não entender nada de felicidade.
Talvez porque ela seja exatamente isto: um nada que recebeu um nome que virou motivo de obstinação.
...
No meu tudo,
me nego a ser cega de olhos abertos,
ser levada de arrasto é o que não pretendo.
Não me preocupo em seguir sem deixar vestígios.
Enquanto tiver sangue quente em minhas veias
esquecerei do fim pra que exista sempre um começo,
uma busca atenta à paisagem daqui a dois passos, daqui a algumas curvas.
assim livre,
sem compromisso,
sem pressa,
sem volta,
de pés descalços e alma nua
prossigo acordando motivos e me reinventando para sempre e mais
então...


vou chamar isso de felicidade.
(Cerqueira, Cris)